segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

As colinas dos meses #6



Querido Pai Natal, sei que não me tenho portado bem ao deixar este meu canto num vazio desolado, sem actualizações da diversidade que por aqui se defende, pelas colinas de Lisboa e dos meus caracóis. Contudo, apenas se ausentam os registos, pois as vivências, as descobertas, as experiências capilares, os recados de Lisboa mantêm-se sempre vivos em mim. E a questão é mesmo essa: tenho vivido momentos de intensidade máxima que me absorvem e me ajudam neste fase de mudança da minha vida. Mesmo nessa intensidade procuro paz e fugir da tendência que tenho para me entregar a várias coisas ao mesmo tempo, deixando-me em caos e aflição. Daí, como estava envolvida noutras coisas, escolhi não ficar aflita por não caminhar por estes lados. A seu tempo volto e prova disso é que cá estou. 

Com pena, mas sem grande preocupação, também declaro que não acabei de ler o livro Um novo mundo, de Ekhart Tolle. Mais uma vez, a seu tempo hei-de lá chegar. Quem sabe se não terei que ser eu a descobrir este novo mundo por mim, em mim. Esta minha ligeireza na perspectiva das coisas só está a ser possível devido ao reconhecimento do meu verdadeiro Ser, sem medos, sem críticas, sem desconfortos. Estou a descobrir que muitas vezes me entreguei às aparências do "sim, estou óptima", "sim, gosto", "sim, concordo", usando tanta máscara que entrei numa espiral de confusão, mais crespa ainda que o meu crespo. Máscaras sempre as teremos; desempenhamos vários papéis, mas mantenhamo-nos pelos necessários como filha, irmã, prima, amiga, colega, companheira... Mas a máscara que esconde tanto ao ponto de nos afastar do outro é que me tem prejudicado constantemente. Daí estar num caminho de libertação, procurando quebrar barreiras, tentando avançar neste novo capítulo da minha vida. Sim, porque até há bem pouco impedia-me de avançar com medo que o novo capítulo significasse corte radical e, claro, que isso não acontece: avançar para o novo capítulo é seguir reforçada com uma história que cresce, que se enriquece, que traz novas possibilidades, mas sempre com os capítulos anteriores a lhe darem consistência. Portanto, não faz sentido ter medo de me entregar a esta caminhada a que me trouxe o destino, pelo contrário, tenho que lhe abrir os braços e aproveitar estes instantes que me são dados, com a alegria do momento. E, se no mês anterior falava em recomeço, agora acho que isto não se aplica à minha nova visão; tal parece um passo atrás para tentar de novo. E eu não quero voltar atrás, quero sim pegar nas minhas aprendizagens e memórias e fazê-las minhas companheiras neste salto entre etapas da vida. Por agora, dedico esta etapa à auto-descoberta que será, de facto, um abrir de todo um novo mundo. Dezembro, mês de paz, é ideal para esta missão.

Fontes das imagens: mensagens.culturamix.com, fashionalways.com, eusouagora.com